As equipes técnicas da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) seguem o cronograma de atividades do projeto Quilombo Legal para concretizar a regularização ambiental e fundiária de 100 comunidades remanescentes de quilombos em diversas regiões do estado.
Uma equipe formada por geógrafa, socióloga e cientista social foram a campo aplicar as metodologias participativas de cartografia social e etnozoneamento, visando valorizar o protagonismo de seis comunidades do Baixo Sul e promover o reconhecimento total de seus territórios.
Essas atividades são obrigatórias para a finalização do relatório circunstanciado, que é encaminhado à Superintendência de Desenvolvimento Agrário (SDA), da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), para viabilizar o processo de titulação das terras quilombolas.
A cientista social Lucylanne Oliveira comenta a importância das atividades para o reconhecimento e valorização histórica e cultural das comunidades. “A gente busca reconhecer os locais sagrados, culturais, as áreas de plantio e as áreas onde foram iniciadas a comunidade. Tudo isso nos revela um mapa social do território a partir da concepção da própria comunidade e esse mapa é complementar ao mapa da agrimensura porque faz com que a comunidade perceba a sua própria história na área que será titulada”, disse.
O resultado das visitas já é valorizado pelas lideranças das comunidades, que se sentem parte do processo de regularização fundiária e ambiental. A presidente da Associação Comunitária do Quilombo Jatimane, Eleildes Rosário, analisou a visita da equipe na comunidade. “Para nós, foi mais uma visita dentro desse importante avanço na construção e demarcação das nossas terras, na garantia de direitos e fortalecimento das políticas públicas para o nosso povo quilombola de Nilo Peçanha”.
A liderança da comunidade Sapucaia, de Igrapiúna, Anelito Assunção, ressaltou a valorização do povo quilombola por meio do projeto. “É uma coisa que a gente esperava acontecer: sermos valorizados e reconhecidos porque, tempos atrás, o pessoal não conhecia negro como gente. Mas hoje lutamos para sermos donos das nossas propriedades com o apoio do Governo do Estado”.
Já a liderança da comunidade Pratigi e Matapera, em Camamu, Deodeto Conceição, ficou feliz em passar pelos lugares mais antigos da comunidade no etnozoneamento do espaço. “Eu nunca pensei na minha vida que a nossa casa de farinha antiga, onde eu produzi farinha, e o nosso rodão, onde eu já fiz muito dendê, fosse visitado e fizesse parte da memória da comunidade”, informou.
A quilombola de Pedra Branca, Vargido e Forte, em Igrapiúna, Eliene Santos, foi participante ativa na cartografia social da área. Realizou desenhos e descobriu mais informações sobre a história da comunidade. “Foi muito importante a gente participar desse mapa porque agora estou com mais conhecimento do nosso território e da nossa comunidade quilombola. Foi muito gratificante”, sintetizou.
O Projeto Quilombo Legal é executado por meio da parceria entre a CAR, empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), a Superintendência de Desenvolvimento Agrário (SDA) e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). Um total de mais de seis mil famílias quilombolas já foram beneficiadas com o atendimento do projeto, o que significa um total de 12.941 mulheres e homens.
Fonte: Ascom/CAR